Colectivo FEMMES/ ART ENFERMEMENT/ RUPTURE, IV Encontros Internacionais de Arte em Portugal, Caldas da Rainha, Agosto 1977.
Entrevista com Colette Deblé, Dezembro de 2017 {Verónica Metello} Como foi convidada a participar nos Encontros Internacionais de Arte em Portugal, em 1977? {Colette Deblé} Talvez através da revista L´HUMIDITÉ, editada pelo Arthur Hubschmid e o poeta visual Jean-François Bory. Com a Danièle Boone, a redatora chefe da revista, fomos de carro até às Caldas da Rainha. Na exposição, estive presente com duas peças ... Duas ´boîtes-fenêtres´(caixas-janelas), dentro de um quadro de 65x50 cm com 9 cm de profundidade, havia um desenho furado com uma janela que dava sobre outro desenho...uma metáfora do olhar. Uma experiência sobre o interior-exterior. {VM} Pode descrever o papel do Egídio Álvaro na promoção da arte contemporânea e do feminismo internacionalmente? {CD} Essencial. A sua energia para juntar dezenas de artistas, as mesas de refeição eram imensas, havia portugueses, italianos, franceses, ingleses...Eu lembro-me de ter almoçado ao lado de Robert Filliou, e de dois artistas italianos fascinados (como todos os demais artistas) com as cerâmicas das Caldas da Rainha. Eles queriam absolutamente comprar uma galinha das Caldas. {VM} Qual foi a importância dos Encontros para si? {CD} Foi um acontecimento marcante. E verdadeiramente importante pessoalmente. Eu comecei a expor em 1976 na galeria Obliques, era uma ´velha´artista de 33 anos e ao mesmo tempo uma debutante...era uma perspectiva, um avanço. A seguir expus o meu ensaio plástico em torno das representações das mulheres na história da arte em Lisboa, Évora, Coimbra e no Porto, onde Eugénio de Andrade escreveu sobre o meu trabalho Quinze regards. Tive uma residência nos Açores e, nessa ocasião, o texto Prégnances de Jacques Derrida, foi traduzido para português. {VM} Como viu então, e agora, o seu trabalho, como feminista, e o acolhimento que teve em Portugal? {CD} As obras que apresentei não tinham nada de compromisso feminista...não como o ensaio plástico em torno das representações das mulheres na história da arte que iniciei posteriormente. {VM} Recorda-se de algum artista, ou obra, ou acontecimento particular dos Encontros que vos tivesse impressionado? {CD} A determinação da ORLAN." in Caldas 77 - IV Encontros Internacionais de Arte em Portugal, Lisboa: Ghost, 2019, pp.320-322.