ORLAN, "Vendre son propre corp" ou "Se vendre sur les marchés en petits morceaux", performance apresentada no mercado das Caldas da Rainha, no contexto dos IV Encontros Internacionais de arte em Portugal, agosto 1977.
Nas Caldas, a ORLAN apresenta várias obras plásticas: uma instalação (La Grande Odalisque, no Museu Malhoa) e as performances: Le Baiser de l’Artiste, S’habiller de sa propre nudité, Se vendre sur les marchés en petits morceaux, MesuRage, entre outras... em espaços públicos, institucionais, interiores e exteriores. Algumas delas criam tumultos na cidade das Caldas (alguns espectadores reagem por terem assistido às performances, mas outros – certamente os mais numerosos – por terem ouvidos falar delas por pessoas interpostas que também não viram as performances). Cria-se assim um boca a boca sobre essas acções, que – tendo em conta a fraca exposição da população a esse tipo de intervenção e de discurso artístico – agitaram alguns fantasmas repressivos (e regressivos) mais por causa da questão da nudez (nunca exposta) do que pelas denuncias feministas de ORLAN que expõe representações da mulher sempre oscilante entre a figura da virgem e a da prostituta. As várias peças fotográficas relativas ao corpo/obra de ORLAN, "Vendre son propre corp" ou "Se vendre sur les marchés en petits morceaux", foram apresentadas pela primeira vez no contexto da exposição "Egídio Álvaro. Lembrar o Futuro", Rampa (Porto), 2022 (curadoria de Paula Parente Pinto).