CLÁUDIA MADEIRA E BÁRBARA FONTE, Índex _O Parlamento das Coisas, 2024. Proposta e conceptualização de Cláudia Madeira, com a colaboração artística de Bárbara Fonte. Index _O Parlamento das Coisas: 20 fotografias, impressão glicée em papel hahnemuhle fotográfico pearl 260gr, 30x45cm; caixa acrílica contendo o caderno “Índex_ O Parlamento das Coisas, CARTAS e desafio aberto a quem as lê”, 5 impressões a cores, 84 páginas, A5, e 20 carimbos, madeira e borracha, 3x5x3cm.
O título deste projecto, sugerido pela análise de Scott Lash (1999) a partir do livro Nous n'avons jamais été modernes: Essai d'anthropologie symétrique (1991), de Bruno Latour, é a base para um questionamento em torno de um Índex de vinte coisas, objectos, temas, palavras, (i)materialidades existentes nas obras de mulheres artistas que trabalharam entre os limites da arte da performance e do experimentalismo artístico, em Portugal, nas décadas de 1970-1980, presentes no acervo do Performing The Archive, ou a ele relacionados. Latour, neste ensaio, enfatizou uma abordagem não dualista da relação sujeito/objecto, sublinhando a sua hibridez e agencialidade. As coisas transformam-se, tal como os humanos, em “máquinas de analogia”, tecelãs de morfismos, transmissoras de semelhanças. Nessa perspetiva, o seu sistema de comunicação funciona em rede. É mensagem em movimento, que inclui não só a representação, mas a própria transmissão. Esse trabalho de transmissão foi desenvolvido por via de uma subtração ou redução do “magma” dos trabalhos das mulheres artistas presentes neste arquivo a um conjunto de palavras-coisas, numa proposta de Índex pela investigadora Cláudia Madeira, partilhado com a artista e performer Bárbara Fonte. A artista incorpora esse Index num conjunto de foto-performances que participam no julgamento do mundo, que insinuam utilidades, mas também necessidades, desejos, eros e thanatos, vida e morte, traumas, poder, silenciamento... Esse mesmo Índex será abordado por textos-cartas que investigadora e artista partilharam durante o processo de debate de ideias. Este diálogo será também materializado pela instalação de um painel de carimbos no espaço do Performing The Archive, que propõem ao visitante, no âmbito desta exposição, a “manifestação” do Índex de coisas, imprimindo as palavras na sua pele e assumindo-se como representado e representante da simbologia latente e transitória do objeto-coisa-tema evocado.