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J. Plácido Santos , "A presente exposição do Círculo de Artes Plásticas e a arte plástica actual", [Diário de Coimbra ?], 1973.

"Ainda em Janeiro de 1973, pouco dias depois da intervenção do C.A.P. no segundo aniversário da Galeria Ogiva (Óbidos), os alunos de Coimbra apresentavam A Floresta na Galeria Dominguez Alvarez. A proposta, da autoria de Fernando Pinto Coelho, consistia na formação de um ambiente tão denso quanto possível, constituído por uma série de fitas de papel penduradas no tecto da galeria, de forma a anular a percepção da espacialidade da sala e a provocar a desorientação do público. Apresentado como um trabalho de grupo do CAP, outros elementos criaram clareiras onde expuseram os seus próprios trabalhos. Túlia Saldanha participa com Picnique (1972-77), uma mesa de madeira com objectos queimados e pintados de preto, que mais tarde fará parte da instalação da mesma peça na exposição “Alternativa Zero” (1977). Armando Azevedo descreve a sua participação: “Em Janeiro desse mesmo ano (1973), surge na Galeria Alvarez, no Porto, “A Floresta” com duas clareiras da minha responsabilidade. Numa, um ORATÓRIO poisado sobre pano rendado: oratório com Nossa Senhora, uma jarra de flores, um pequeno crucifixo, dois castiçais com velas, pequenos quadros encaixilhados (com que imagens?), um despertador...- tudo inteiramente embrulhado-pintado a bilhetes de loteria. Os ponteiros do despertador, escondidos por detrás dos números da hipotética sorte grande, continuavam num incessante e muito ruidoso tic-tac.” " Paula Pinto, "O Círculo de Artes Plásticas (1966-1975)", in João Dixo, Vila Real/ Porto: Museu da Vila Velha / Afrontamento, 2017-2018, pp.110-111.

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Língua
Português
Abstract
A propósito da segunda instalação da Floresta na galeria do CAP (Março de 1973), a jornalista J. Plácido Santos escreve: “A Galeria C.A.P., para quem desconhece os seus objectivos, didáticos e culturais, é um valioso meio de descoberta de valores artísticos (...). (...) A floresta, forma vegetal plena de características ideográficas e bio-plásticas, serviu de tubo de ensaio para o tratamento de alguns pensamentos-chaves originalmente concretizados num trabalho colectivo. Desde o motivo central, cuja técnica de carácter sempre eloquente no seu monocromatismo positivamente negativo, a autora prossegue encantada; à intencional harmonia, construtiva coexistência de padrões filosóficos de todos os matizes, desde os aparentemente irredutíveis aos do romântico substracto, representados por um conjunto de tecidos-cortina, circular recinto em que qualquer pode penetrar com um gesto espontâneo, instintivo; passando, através o insólito, difícil e intrigante emaranhado de árvores0fitas verticais, que propositadamente desafia o visitante, ao felicíssimo tema do pequeno “altar atraiçoado” em que se põem em contraste duas ideias fundamentais e incomparáveis: o acaso e a certeza, o material e o espiritual, o transitório e o constante; e ainda atentando e reflectindo profundamente no poderoso e universal tema da ‘bala perdida’, toda a composição transpira o objectivo de provocar no visitante idóneo o choque saudável e indispensável para uma análise fria dos problemas propostos, que são flagrantemente actuais e de todos os tempos. Eis algumas reflexões que ressaltam depois de atenta visita à última e presente exposição do C.A.P., em que moços Artistas, superiormente orientados e plenos de ideal, teimam em dar o exemplo da luta difícil por uma posição de vanguarda no espinhoso e ingrato, mas glorioso campo da criatividade plásticas (...).” "