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tangente (Inês Lapa e Beatriz Rola), Performance musical “Asa que sem ar resiste” 14 setembro, RAMPA (Porto), 18:00H

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Língua
Português
Abstract
No espaço da RAMPA, tangente apresenta uma interpretação livre criada a partir de uma cassete áudio, único documento captado na apresentação do Grupo Ânima nos IV Encontros Internacionais de Arte em Portugal (Caldas da Rainha, 1977), no local e em canal aberto, 47´25´´.
Direitos
Captação vídeo de Paula Pinto
Fonte
O Grupo Ânima apresenta-se como um grupo de teatro de ação com espetáculos de animação de poesia visual. O primeiro espetáculo é apresentado a 28 de Julho de 1977 na sala de teatro da Sociedade Portuguesa de Autores (Lisboa), com textos de poetas visuais portugueses: Alberto Pimenta, António Aragão, Ana Hatherly, E. M. de Melo e Castro, José Alberto Marques, Liberto Cruz, Salette Tavares e Silvestre Pestana. Um espetáculo com idêntico alinhamento de poesias, do qual este registo sonoro deriva, é apresentado no dia 7 de Agosto de 1977, nos IV Encontros Internacionais de Arte em Portugal (Caldas da Rainha). Grupo Ânima Concepção: Seme Lutfi e Silvestre Pestana Elenco: Alberta Melo e Castro; Carlos Vieira de Almeida; Eugénia Melo e Castro (Lisboa, 1958); Fernando Vaz do Nascimento, Filipe Crawford, Graça David, João Soromenho, Luisa Aparício, Manuel Almeida e Sousa, Rui Frati, Seme Lufti Direcção: Seme Lufti, Rui Frati Figurinos: Jean Lafront Música: Jaime Simões Queimado
Identificador do Recurso
A performances das tangente decorreu no último dia da exposição: PERFORMANCES, PROJECÇÕES, DEBATES E REDAÇÕES Casos de estudo dos Encontros Internacionais de Arte em Portugal (1974-1977) curadoria: Paula Pinto Rampa (Pátio do Bolhão, 125), 26 de Julho – 14 de Setembro 2024 TEXTO DA FOLHA DE SALA A exposição “PERFORMANCES, PROJECÇÕES, DEBATES E REDAÇÕES” apresenta um conjunto de casos de estudo da performance-arte em Portugal, pensados a partir de diferentes materiais visuais e de comunicação social, que refletem um campo de experimentação artístico e de manifestação política e cultural, constitutivos da conquista da democracia em Portugal. Por definição efémera e circunstancial, tanto na ação como no respetivo testemunho, a performance-arte gerou uma panóplia de materiais de arquivo que, não devendo continuar a ser entendidos como pacíficos testemunhos, podem ser utilizados como manifestos em potência: imagens, ensaios, experiências, debates, construção de argumentos e contra-argumentos, denuncias e testemunhos do estado geral da sociedade, vozes ativas no processo de democratização; contemporâneos da performance-arte, a fotografia, o vídeo, a captação do som e a própria crítica jornalística, foram suportes ativos na implementação de mudanças políticas e socioculturais, fundamentais para a transformação dos comportamentos artísticos e para as liberdades, direitos e garantias dos cidadãos. A revolução pode não ser televisionável, mas os meios de comunicação utilizados nos anos 70 foram revolucionários, na forma como captaram, no que captaram, no modo como difundiram e se constituíram como ferramentas de consciência e debate público. A partir de diferentes performances, instalações e outros acontecimentos, esta exposição evidencia a urgência de cultivar ferramentas culturais, sociais e políticas, que permitam olhar a imbricação da performance-arte com os diferentes usos da imagem, pondo em causa a noção redutiva de documentação enquanto registo distanciado das ações levadas a cabo pelos artistas plásticos. Vídeos de performances e outras cenas espontâneas de rua, fotografias de montagens de instalações e de obras já inexistentes, gravações áudio de eventos únicos apresentados ao vivo, projeções de imagens de debates espontâneos, ou o depoimento jornalístico de participantes na revolução portuguesa, tecem uma complexidade de meios e fins que põem em causa a separação entre obra de arte e documentação visual, artista e espectador, público e privado, ou pré e pós-revolucionário. Esta exposição evidencia os diferentes fins, tempos e narrativas dos processos de produção de registos visuais, o papel do espectador nas ações performativas, a construção do espaço privado e o seu debate no espaço público, a singularidade dos registos que captaram ações irrepetíveis e as diferentes urgências, narrativas e fôlegos do processo revolucionário. Se não há imagem sem discurso, nem performance-arte sem contexto público, podemos afirmar que nos anos 70, a performance-arte serviu simultaneamente para desmaterializar o objeto artístico e desmontar a sua institucionalização, e que a panóplia de imagens e documentos que produziram foram essenciais para a construção de novas formas de pensar. Mesmo que simbolicamente, as performances serviram para ativar direitos e formas de estar que literalmente se projetaram, a partir de novas imagens e meios, em reivindicações isentas de determinismos históricos, hierárquicos e patriarcais. Ações, instalações, comportamentos, performances e respetivas imagens, depoimentos, debates e redações foram fundamentais para a constituição das liberdades, direitos e garantias dos cidadãos. Cinquenta anos passados sobre a transferência do foco do objeto artístico para o corpo, da configuração formal para a gestualidade, da perspetiva contemplativa do observador para uma relação intrusiva com o público, e da construção dos valores estéticos representativos da história da arte para a sua desconstrução através da valorização da ação ao vivo, não é possível voltar a colocar a arte de rua na instituição cultural. E já não é possível reduzir as práticas artísticas da performance à catalogação de novos médiums, nem à mera catalogação dos eventos em si, uma vez que são reflexos integrais das transformações sociais e políticas da época, proporcionando novas formas de produção cultural e política. Os casos aqui apresentados questionam os suportes e práticas artísticas, bem como as revoluções que deles emanam. A par do levantamento de algumas performances-arte ocorridas em Portugal nos anos setenta, analisam-se as características de diferentes registos documentais seus contemporâneos, convidam-se artistas e pensadores a contribuir para a sua futura memória, e registam-se e cruzam-se informações em novas criações e novos suportes expositivos.,