Arquivos

Categoria

Subcategoria

Criador

Data

Capítulos Gerais

Grupos

Lançamento da tradução portuguesa do livro "Onde é que Estamos a Comer? e O Que é Que Estamos a Comer?" de John Cage + Jantar acompanhado de leituras, performance e projeções, Performing the Archive (Porto), 9 março 2024.

Lançamento da tradução portuguesa por Nuno Marques, do livro "Onde é que Estamos a Comer? e O Que é Que Estamos a Comer" de John Cage. Leituras sónicas com Elisa Pône, Rodrigo Dias e Nuno Marques. Jantar: Salada de Fernanda Botelho, acompanhada por "A Fala das Cabras e dos Pastores" de Maria Ruivo e Alexandre Delmar; Arroz com cogumelos silvestre de Paulo Vinhas acompanhado por apresentação "Merce Cunningham em Portugal" por João dos Santos Martins" e Arroz negro com cogumelos pleurotus e feijão preto cozinhado por Joaquim Moreno, acompanhado de "can i have seconds? de Filipe Felizardo. Sobremesa por Paula Pinto e Rita Barreira, acompamhada por "A Grande Sucessão" dos Landra (Sara Rodrigues e Rodrigo Camanho), com tibicos de raízes de plantas pioneiras e infusão de bolotas. Design do programa de Clara Luz.

Data
Fonte
"Cage escreveu [o texto "Onde é que Estamos a Comer? e O Que é Que Estamos a Comer?"] para a antologia de fotos e textos sobre Merce e a companhia, da autoria de James Klosty em 1975. Nesta antologia as 38 variações aparecem todas juntas em 3 páginas, só com 1 espaço entre elas, mas nós escolhemos dar 1 página por variação na tradução. As variações de Cage mostram uma atenção ao comer com outras pessoas e ao que se come, e onde. Uma atenção onde se juntam várias linhas, por exemplo: — o movimento – estradas, rios, via aérea, dos bailarinos; — as listas – de nomes de restaurantes e hotéis, de nomes e tipos de sandes, de lugares, de nomes de pessoas envolvidas nas tours da companhia; — receitas: de molho verde, de churrasco; de recheio de galinhas no forno; de bolos de noz e ideias sobre a ciência e a comunicação (ligações vídeo por computador); e genética; ideias sobre práticas agrícolas libertárias e comunas anarquistas; sobre composição e forma; resumindo, sobre o trivial, o íntimo, o social, tudo político, a amizade, os regimes alimentares, as relações. É curioso ver, por exemplo, quando Cage fala em comer muito e em peso, fala também do poeta e místico tibetano Milarepa que voava como um cardo, antes tendo falado sobre o carinho com que a Betty Johnston preparava tupperwares de comida para ele e para Merce quando ficavam em casa dela. As variações são mais ou menos compostas cada uma por 3 a 5 partes. Estas partes correspondem a diferentes motivos e ideias dentre as que acabo de enunciar e não há uma ordem clara para o seu lugar em cada variação. Sobre a disposição visual do texto na página, para dizer que, ao contrário de outros trabalhos de Cage, aqui não há uma ordem percetível para a quebra da linha, nem uma composição poética estruturada como o mesóstico que ele tanto usa. A quebra de linha é mais ou menos arbitrária e foi assim que ficou na tradução. Parece que cada variação é um conjunto de conjuntos e a maneira como estes se articulam é tanto temática como aleatória. Sobre a tradução: Penso que esta é a primeira tradução deste texto em língua portuguesa. No Brasil, a editora Numa, está a publicar as conversas entre John Cage e Joan Retallack, mas não o Empty Words [Palavras Vazias?). Eu comecei a tradução em 2018 e terminei-a há coisas de 1 ou 2 meses. Pelo meio a Rita Barreira organizou uma leitura coletiva de algumas das variações numa mesa comunal na Zona Franca dos Anjos, em 19 de Novembro de 2019, com sonorização do Pedro Ferreira. O texto traduzido inclui uma espécie de nota que Cage escreveu já em 1981 para o livro Empty Words 73-78 e que nós incluímos aqui também logo na entrada do livro. Para acabar, só dizer que o livro inclui o texto do João dos Santos Martins, que é uma versão revista e alterada do texto que ele publicou na revista Electra, 16 em 2022, com permissão da revista; dizer também que a foto da capa foi feita e cedida pelo João Tabarra; que a Joana Pires fez a composição gráfica; que o Rodrigo Dias e o Rui Lopo deram ajuda à revisão da tradução; e que a Rita Barreira e a Elisa Pône, nos ligaram a todes e apoiaram a feitura do livro e a organização do dia de hoje." Texto escrito e lido por Nuno Marques na Casa do Comum, Lisboa 20/12/23. Edição de Douda Correria, Joana Bagulho e Nuno Moura.