Arquivos

Categoria

Subcategoria

Criador

Data

Capítulos Gerais

Grupos

Michel Journiac, La Lessive, 1974.

Em 1977 o crítico Douglas Crimp incluía no conceito “Picture Generation”, artistas como Cindy Sherman, Louise Lawler, Richard Prince e Sherrie Levine. Na sua investigação, a imagem fotográfica já não é apenas um resultado, mas a etapa de um processo crítico que envolve gestos como a apropriação, a encenação, o recorte ou a citação. Para Martha Wilson, pioneira da arte feminista nos Estados Unidos, e em França para Michel Journiac, a fotografia tornou-se uma arma na luta contra os estereótipos que, noutros contextos, ajudou a estabelecer. Sob a forma de instalações fotográficas e já não de imagens autónomas, estas obras demonstram um trabalho experimental, uma investigação da nossa leitura de imagens. Michel Journiac, Louise Lawler, Richard Prince, Sherrie Levine, Cindy Sherman e Martha Wilson rompem com a utilização da fotografia como simples registo da realidade. A imagem fotográfica já não tem valor probatório. Assim libertada, “ficciona”, confunde noções de identidade, abrindo novas questões sobre arte, género, identidade. Michel Journiac (Paris, 1935-1995) é um dos inventores da arte corporal. Ao mesmo tempo poético e subversivo, o seu trabalho desenvolve uma reflexão crítica sobre os nossos valores e usos sociais através da prática da performance e da fotografia. O travestismo surge como uma forma de questionar a identidade, os rituais e os códigos que condicionam os corpos e os indivíduos. Em 1974, traveste-se para viver um dia na vida de uma mulher e cumprir as suas tarefas diárias: 24 Horas na Vida de uma Mulher Comum faz um uso inovador da imagem fotográfica. Dividida em duas subséries, Realidades e Fantasmas, a obra reflete uma “ação fotográfica” ao brincar com a estética da fotonovela, a primeira série mostra uma “mulher burguesa” que tenta emancipar-se através do trabalho, enquanto realiza as tarefas domésticas. A segunda mostra as fantasias – sonhos ou pesadelos – que esta mulher comum pode abrigar no segredo do seu quotidiano. Parodiando os clichés veiculados pelas revistas, pela TV, pelo cinema, Journiac exagera nestes gestos banais e estereotipados, caricaturando o papel da mulher nos anos 70, ainda escravizada ao lar e ao marido. Para além do cross-dressing paródico, Michel Journiac constrói uma imagem transgénero, um manifesto para um corpo que desafia a norma e destaca diversas belezas, da prostituta à governanta. Ver: https://galeriegaillard.com/news/481-michel-journiac-bourse-de-commerce-pinault-collection-exposition-inaugurale/

Categoria
Data