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"Confissões duma escritora: A romancista Carmen de Figueiredo fala da sua obra e das suas tendências", in Diário de Lisboa, 10.12.1953

Entrevista a Carmen de Figueiredo ((nome literário de Carmelinda Niolet de Figueiredo e Matos Gomes, mãe de Egídio Álvaro), em Dezembro de 1953. Em 1954 o livro “Criminosa” foi Prémio Ricardo Malheiros.

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Língua
Português
Identificador do Recurso
"Carmen de Figueiredo, pseudónimo literário de Carmelinda Niolet Moura de Figueiredo, é natural de Miranda do Corvo. Pouco se sabe sobre a vida de Carmen de Figueiredo, ainda que esta tenha tido alguma atenção mediática à época das suas publicações ( a partir da década de 40 do séc. XX). Teve uma produção literária extensa (quinze romances, três livros de contos, uma novela) e publicou mais de doze mil contos na imprensa portuguesa. Duas das suas obras foram censuradas pela PIDE: Famintos (1950) e Vinte Anos de Manicómio! (195-). Através deles, apercebemo-nos de que a autora foi censurada pela inclusão, na estrutura das narrativas, de descrições sexuais. Estes, contudo, são elementos secundários da narrativa: possibilitam-na, e conferem-lhe algum realismo. Os censores literários escandalizaram-se particularmente pelo facto de tais descrições terem sido escritas por uma mulher. Nas narrativas que levou a cabo alternam os momentos de descrições com os de ações, e as personagens veiculam uma série de ações que podem permitir a reflexão sobre as questões quotidianas. Em Famintos a pobreza e a exploração que assolam os trabalhadores rurais, que ela tão bem conhecia da infância passada em Miranda do Corvo, é descrita com frequência, revelando-se o conflito entre classes e assumindo-se o programa ideológico que foi o mote do neo-realismo. Ganhou o prémio Ricardo Malheiro em 1954, com a obra Criminosa.",
Outro Contribuinte
Carmelinda Niolet Moura de Figueiredo era natural de Miranda do Corvo, onde nasceu numa quinta, filha de pai brasileiro e de mãe descendente de franceses. Começou cedo, aos 10 anos, o seu gosto pela poesia e mais tarde também pela pintura. Apaixonada pelas viagens, colaborou com muitos jornais e revistas de Lisboa. O seu desejo era viver da sua escrita, mas viu alguns dos seus livros apreendidos pela PIDE e cuja obra, apesar de pouco conhecida do grande público, mereceu por vezes rasgados elogios da crítica. Com o romance "Criminosa", Carmen de Figueiredo, conquista o Prémio Ricardo Malheiros, da Academia das Ciências de Lisboa em 1954. 2 - "Escritora portuguesa do século XX, agora quase desconhecida, e isto apesar da sua produção extensa: 15 romances, três livros de contos, uma novela), mais de 12 mil contos na imprensa portuguesa. Para além disso, fundou a “Mosaicos-Revista”, onde foi editora e directora. A autora viu dois dos seus romances proibidos pela PIDE. Os ficheiros da polícia política na Torre do Tombo não incluem uma ficha sua, o que poderia permitir-nos aceder a alguns dados biográficos, tais como a data de nascimento. Contudo, é possível, nos arquivos do Secretariado Nacional de Informação, aceder aos documentos que registam os processos de censura dos romances Famintos (1950) e Vinte Anos de Manicómio! (195-). Não é fácil encontrar os livros de Carmen de Figueiredo, podendo quase exclusivamente ser encontrados em alfarrabistas ou websites de revenda. Entre outros pontos, iremos tentar entender como ou se a acção da PIDE foi um factor contributivo para que as obras desta autora, ou mesmo a autora, tenham sido apagadas do conhecimento público. Famintos (1950) conheceu duas edições em editoras. A primeira data de 1950 e foi feita pela Editorial Domingos Barreira, no Porto. A segunda é do ano de 1975, com a chancela da Porto Editora.",